Saída de Decotelli abre espaço para uso político ou ideológico do MEC
O Brasil buscará seu quarto ministro da Educação em um ano e meio de governo Bolsonaro. As informações equivocadas, infladas e falsas sobre o currículo acadêmico do agora ex-ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, inviabilizaram a possibilidade de que ele comande a pasta. Decotelli anunciou o pedido de demissão do MEC nesta terça-feira (30), cinco dias depois de ser nomeado para o cargo.
Os panos quentes de Jair Bolsonaro na tarde da segunda-feira (29) e a postura mais contida do presidente não foram suficientes para baixar a pressão sobre Decotelli. Nem o presidente, nem seu governo ou ministros militares inspiram confiança neste momento político corroído pelo péssimo comando do país na pandemia, entre outras complicações.
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Nessa confusão entre nomeação, incêndio e explicação, o escolhido de Jair não teve nenhuma menção de apoio da área acadêmica. Isso porque fraudar as informações do currículo é considerado muito grave na academia, além de ofensivo e desrespeitoso. Ficou ainda mais evidente que, para o governo Bolsonaro, o conhecimento científico e técnico de sua equipe ministerial pouco importa.
As mentiras do ex-ministro acabaram com qualquer credibilidade, o que impossibilitou o trabalho conjunto. Agora, a disputa pela vaga na cadeira de chefe da Educação deve ser travada por candidatos da ala ideológica ou que contemplem interesses políticos. O perfil técnico e conciliador perde espaço. É um dilema no qual pesa a vontade do "centrão", em que a mercadoria é a troca de cargos por apoio ao presidente. Nesse caso, haveria alinhamento com os ministros militares. E pode resultar em influência nas eleições municipais.
Se quem ocupar o cargo for da ala ideológica, a consequência pode ser o aumento da desaprovação do governo e da impopularidade do presidente Bolsonaro. Também pode aprofundar a paralisia no MEC, por incompetência. Os três ministros olavistas que restam ao governo (Damares, Ernesto Araújo e Ricardo Salles) enfrentam acúmulo de problemas e flagrante ineficiência. O presidente foi aconselhado a trocar os dois últimos.
Quanto da estratégia de aparente recuo do presidente Bolsonaro previa usar um homem negro e moderado como escudo para se proteger e, ao mesmo tempo, provocar uma desculpa adequada para escolher mais um olavista ou para se render ao toma lá dá cá?
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